segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Radiotécnico no interior


Em 1967  conclui pelo Instituto Monitor o Curso de Eletrônica Rádio e TV. Muito entusiasmado continuava a fazer diversas experiências, montava circuitos de acionamento por luz, fontes, rádios, transmissores de AM e FM e diversos experimentos. Comprei um testador de válvulas, um multímetro, diversas ferramentas e iniciei ali mesmo na sala da casa de meus tios a atividade de radio técnico.

Na época, 1966, na área urbana tinham aparelhos mais modernos, a maioria à válvula. Eram rádios de cabeceira e as radiolas. Os rádios à pilha eram mais usados na área rural. Depois vieram os toca-discos da Phillps, muito populares. Como não era comum os amplificadores de som, esses toca-discos eram utilizados nas horas dançantes, serenatas e festinhas.

Tarciso do bar e Mauricio da fármacia foram um dos primeiros a trazer a novidade para Santa Maria.  Já o Julinho e Zé Itamar foram mais ousados  trouxeram de São Paulo um moderno gravador de rolo. Em sua loja de armarinho e variedades Zé Itamar vendia rádios, toca discos e radiolas. .
Sabendo de minha habilidade com eletrônica estas pessoas levavam estes aparelhos para conserto. Tímido ainda, nem sabia dar o preço. Os defeitos geralmente eram nos potenciômetros de volume, o cordão do dial rompido, nas fontes de alimentação, falta de contato nas chaves de onda etc. Desses defeitos 70% eu reparava sem a troca de componentes. Quando era um transistor ou válvula defeituosos o processo era mais demorado: tinha que encomendar de Belo Horizonte; para isso contava com a boa vontade dos motoristas e trocadores do ônibus 108 , entre eles lembro-me do Bebé, Pinheirão, Dico entre outros. Outras vezes encomendava os componentes pelo correio, de lojas de São Paulo.

Sempre fui desorientado, inseguro e inconstante, por isso, sem mais nem menos parei de trabalhar com consertos de rádios para me dedicar à fotografia.

Adquiri pelo correio o Kit de Revelação, com papel 7x10. Passei diversas noites aprendendo a revelar os filmes e cópias. Secava os negativos e depois fazendo o sanduíche de negativo e papel, sobre a luz vermelha, processava as cópias.

Perdi centenas de filmes, chapas e papeis, mas aprendi revelar retratos. Como esses não chequei a comercializar porque o público gostava de fotos maiores. Neste caso só mais tarde, depois de comprar um ampliador, passei a vender as copias.
Acabei me tornando um fotógrafo.

Escreverei um post sobre minha carreira

Um comentário:

Instrutor Nelson disse...

Gostei da sua estória.
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Nelson R. Martins